A atividade física é estimulada desde a infância. Ela auxilia no desenvolvimento neuropsicomotor da criança, além de manter as crianças ativas, estimular o trabalho em equipe e em fazer novas amizades.

Algumas crianças podem se destacar e a partir desse reconhecimento, se manterem somente em um esporte na esperança de um dia se tornarem atletas profissionais. Outra situação ocorre quando os pais tem o sonho que o filho ou a filha se torne um atleta profissional e por isso investem em um esporte específico. No caso do Brasil, isso ocorre com frequência no futebol.

Muitas vezes o dinheiro e a fama é colocado na frente do bem estar da criança. Seja pelos pais que buscam a oportunidade de se realizarem através dos filhos, ou pelo técnico ou empresário que vê uma forma de ganhar dinheiro e reconhecimento.

Nos Estados Unidos também é comum devido a bolsa universitária para atletas de maior destaque, levando a um investimento durante a infância para que a criança consiga a bolsa no futuro.

A Academia Americana de Pediatria (AAP) falou mais sobre o assunto recentemente e fez algumas recomendações.

Crianças dificilmente possuem a vontade de se profissionalizarem já na infância e tanto o atleta quanto os pais têm que saber que a chance de se tornar um atleta profissional é muito pequena. Crianças que praticam vários esportes geralmente gostam mais da prática de atividade física e são mais bem sucedidos em atingir seus objetivos como atleta.

Estudos mostram que manter a criança em somente um esporte na infância pode ter o efeito contrário. A AAP diz que 70% das crianças que se especializam cedo desistem da modalidade por volta dos 13 anos de idade. Pode ser por conta da pressão para sempre estarem melhorando ou pela falta de diversão, incluindo a falta de tempo livre para brincar. A maioria dessas crianças sofrem lesões por sobrecarga (pode chegar a 68% dependendo da modalidade) e exaustão muito antes de atingirem um nível profissional.

Participar de múltiplas atividades aumenta a chance da criança fazer novas amizades, aprender bons hábitos e estimula diferentes grupos musculares, além da habilidade adquirida em uma modalidade ajudar no desenvolvimento das outras, melhorando o desempenho.

Segundo publicação recente da Sociedade Americana de Medicina Esportiva, dois técnicos de futebol americano universitário, Urban Meyer e Dabo Swinney, cujos times qualificaram para o campeonato nacional, preferem recrutar atletas que praticam múltiplos esportes. Eles acreditam que o desenvolvimento desses atletas ainda não acabou, são melhores no convívio com companheiros de equipe e possuem um risco menor de lesão por sobrecarga.

A AAP recomenda:

– atrase a especialização em um único esporte até pelo menos os 15/16 anos de idade para diminuir a chance de lesão por sobrecarga

– estimule a criança a participar de vários esportes (não mais do que três concomitantes)

– se a criança decidir se especializar em um único esporte, agende uma consulta com o médico do esporte ou pediatra para discutir se os objetivos da criança são apropriados e realistas

– os pais devem monitorar o ambiente de treino das crianças que participam de programas visando a profissionalização, para evitar uma sobrecarga de estresse físico e mental desses jovens atletas.

– estimule a criança a tirar pelo menos 3 meses de férias das atividades físicas que pratica. Eles podem se manter ativos com outras atividades durante esse período.

– atletas jovens devem tirar de 1 a 2 dias de folga por semana para diminuir o risco de lesão.

– A AAP sugere que as crianças não sejam ranqueadas em atividades esportivas até pelo menos o equivalente ao ensino médio do Brasil.

Portanto, vamos estimular as crianças a praticarem o esporte pelo simples benefício que este proporciona. A preferência pela modalidade deve ser feita sempre que possível pela criança e não deixem o foco se tornar o dinheiro ou a competição, esquecendo do principal motivo da prática esportiva na infância: o bem estar da criança.

Crianças atletas, entenda os riscos e consequências

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