Esporte que tem crescido cada vez mais no Brasil, com um aumento no número de clubes e campos nos últimos anos. Atualmente existem aproximadamente 60 milhões de praticantes em mais de 32.000 campos por todo o mundo. Com isso, também aumentou a procura por atendimento médico devido a lesões.

Atividade de baixo risco, porém o esforço para a realização do “swing” e também o volume de treino para aprimorar a técnica contribuem para as lesões, sendo as por sobrecarga as mais comuns.

Sabe-se também que o tempo gasto nos treinos, como mais de 200 tacadas ou jogar mais de 4 rodadas por semana aumentam o risco de lesões.

Os locais mais comuns afetados são os membros superiores (54%) seguido pela coluna, membros inferiores, e o menos afetado é a cabeça.

Profissionais machucam mais a coluna, punho e ombro; amadores o cotovelo, punho e mão. Quanto menor o numero do “handicap”, maior é o índice de lesão.

A severidade das lesões são subestimadas pois muitos ainda não procuram atendimento médico, porém estudos mostram que o atleta fica em média 28 dias afastado do esporte e os locais mais afetados são: coluna lombar, coluna torácica, cotovelo e punho.

Um fator de risco importante é não aquecer por pelo menos 10min antes do jogo, podendo dobrar a chance de lesão. Carregar a própria bolsa também aumenta do risco de doenças na coluna, ombro e tornozelo.

O índice de lesões em mulheres tende a ser menor, provavelmente pela velocidade menor do “swing” se comprado aos homens, diminuindo o esforço, principalmente na coluna.

Articulações mais afetadas:

  • Punho

O amplo movimento dos punhos durante o “swing” sobrecarregam essa articulação. A maioria das lesões ocorrem no momento do impacto, e resultam de um trauma ou uma desaceleração brusca do taco. Amadores podem lesionar quando o taco atinge o solo antes da bola e profissionais quando atingem uma pedra, raiz ou grama alta.

As lesões mais comuns são: tendinite do flexor ulnar do carpo (FUC), luxação do extensor ulnar do carpo (EUC) e fratura do hâmulo do hamato. As tendinites geralmente ocorrem no braço dominante e estão relacionadas ao desvio radial do punho no “backswing”. A luxação do EUC ocorre durante um movimento de flexão, desvio ulnar do punho e supinação, e geralmente o atleta sente um estalido, mantendo o mesmo estalido em movimentos de prono-supinação após o trauma. Geralmente o tratamento conservador é feito com 2 meses de tala e após um brace. Tratamento cirúrgico somente na falha do tratamento anterior. Fratura do hamato ocorre quando uma pressão excessiva é transmitida do taco ao punho, como por exemplo quando um atleta destro atinge o solo, toda pressão do taco é transmitido para o punho esquerdo. Tratamento não cirúrgico, porém em alguns casos de dor persistente, tendinite persistente ou sintomas de neuropatia, podem necessitar de cirurgia com ressecção do fragmento.

  • Cotovelo

As epicondilites medial e lateral são as doenças mais comuns. É uma inflamação na inserção dos tendões extensores e flexores no cotovelo, responsáveis pelo movimento do punho e do antebraço. A musculatura flexora é exigida ao acertar a grama alta em uma tacada, com desaceleração súbita do antebraço. Lesões por sobrecarga podem ocorrer por uma mecânica errada do “swing”.

A epicondilite lateral ocorre com mais freqüência no braço dominante, por segurar o taco muito forte ou sustentar o punho durante o movimento, sobrecarregando o tendão extensor radial curto do carpo (muito comum em atletas amadores). Mais frequente que a epicondilite medial no atleta amador. Tratamento conservador com fisioterapia e mudanças na pegada do taco é o mais indicado. Casos refratários podem ser infiltrados com corticoesteróides ou plasma rico em plaquetas (PRP), porém este último ainda é um pouco controverso. Pode-se usar órtese removível para o punho durante a noite para alívio da dor. Cirurgia somente após 6 a 12 meses de tratamento sem sucesso. Tanto a cirurgia aberta como artroscópica possuem bons resultados.

A epicondilite medial, também conhecida como “cotovelo do golfista” ocorre pela inflamação dos tendões flexores do punho e é mais comum no braço não dominante. Relacionado a movimentos repetitivos e excesso de contração muscular ou por trauma, como ao atingir algum objeto no solo com o taco. Tratamento semelhante a epicondilite lateral. Alguns casos podem apresentar sintomas de compressão do nervo ulnar, com formigamento na parte medial do antebraço e dedo mínimo. Nesses casos o mais indicado é cirurgia para liberação e transposição do nervo.

  • Ombro

As lesões por sobrecarga são as mais comuns, principalmente pelo movimento do backswing e “follow-through”. Pode ocorrer artrose acromio-clavicular e doença do impacto, principalmente no topo do backswing. Podem ocorrer outras lesões como a do labrum da glenoide (SLAP), lesão parcial ou completa dos tendões do manguito rotador, bursite e lesões da cartilagem da cabeça umeral. Alguns fatores podem tornar o atleta mais suscetível, como:

⁃ hiperfrouxidão ligamentar

⁃ Musculatura fraca ou desbalanceada do manguito rotador

⁃ Cápsula posterior do ombro rígida em atletas jovens ou idosos

A maioria das lesões são de tratamento conservador com fisioterapia e evitar elevar o membro afetado acima do novel do ombro ou cruzar o braço na frente do tórax. Outras lesões, como as completas do manguito rotador, geralmente necessitam tratamento cirúrgico.

  • Coluna

O seguimento lombar é o mais afetado durante o movimento. No “downswing” até o “follow-through” pode ocorrer o estiramento musculaturar, lesionar as articulações facetárias e o disco intervertebral, e até causar espondilólise (escorregamento da vértebra) quando acomete as estruturas posteriores. Nos atletas mais idosos pode levar à fratura por estresse do corpo vertebral. O “swing” atual favorece à lesão da coluna e da musculatura ao redor dela. A posição em “C” invertido do follow-through força a faceta articular devido à hiperextensão da coluna.

A maioria das doenças melhoram com repouso, anti-inflamatório e fisioterapia. A longo prazo deve-se manter os exercícios preventivos, além de melhorar a técnica do “swing”. Algumas sugestões para prevenção:

⁃ Manter a coluna reta durante o “swing” e a transferência de peso

⁃ Controle da velocidade do “swing” durante a rotação do tronco

⁃ Reduzir o movimento do ombro e o movimento angular do tronco

⁃ Melhorar o condicionamento da musculatura dorso-lombar com exercícios de alongamento, fortalecimento e melhora do “core”

O golf pode ser considerado um esporte seguro para praticantes de qualquer faixa etária, porém é necessário prevenir as lesões por sobrecarga, assim como as traumáticas. É necessário dosar as horas gastas semanalmente com o jogo, não ultrapassando 4 rodadas e 200 tacadas. É muito importante aquecer por pelo menos 10 minutos antes de uma rodada ou treino e evitar carregar a bolsa durante o jogo.

Muitas lesões podem ser evitadas se durante o ano o atleta mantiver um treino de condicionamento físico focando alongamento, fortalecimento, propriocepção e capacidade aeróbica.

Lesões no Golf

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